Os dois fazem parte do meu universo desde sempre.
Eu comparo a tela a uma locomotiva, é a Idéia-mãe, a matriz, a criação; é aquela que vai arrastar todos os vagões, seja a sequência para formar o todo, seja o conjunto de idéias, em geral sincronizadas . Quando chega ao trigésimo vagão, ou no último engate, a ”fonte” se esgota e, então, abandono esse trilho, para embarcar em outra estação.
Durante duas décadas vivi neste ritmo alucinante, colhendo prazeres, decepções. Pelo fato de não gostar muito de “me” expor, acabei mergulhando nos papéis, que nunca me abandonaram.
Desde criança nunca pude ver uma folha em branco perto de mim sem rabiscá- la, chega a ser compulsivo.
Quando resolvo fazer uma limpeza nas minhas coisas é de ficar assustada comigo mesmo: jogo, não jogo...
Acho que todo artista é assim mesmo... organizado na cabeça, mas não na ação... ou o contrário...
Mas uma coisa eu sei: entre papel e tela, o papel é a minha realização.
O papel, seja para aquarela, desenho, croquis, de gramatura fina, grossa, até papel de arroz, reciclado, não importa qual seja, é sem dúvida a “minha praia”.
O papel nos dá a opção de brincar com lápis, nanquim, pastel, aquarela, pigmentos, carvão, acrílico, etc... e o mais importante: conforme o humor do dia.
Prefiro dizer humor a astral, porque ele varia mais rápido.
E por pensar rápido e desenhar rápido, “humor” se adapta melhor a mim.
Talvez um dia, quando minha cabeça pensar mais lentamente, poderei me dar o luxo de ir devagar, devagarzinho... e aí, então, irei em busca do astral .
Nenhum comentário:
Postar um comentário